Crítica - The Elder Scrolls V: Skyrim
Não é possível falar em absolutos ou entrar no detalhamento da experiência proporcionada em The Elder Scrolls V: Skyrim. Seria como comentar um livro ainda não escrito, mas que será narrado em diferenciais de ações, diálogos, arcos, espadas, magias e sangue. Isto é, o game proporciona o pináculo do tal “mundo aberto”, em que aquele que se lança a esse universo pode fazer o que quiser, ser o que quiser – de herói paladino a mestre ladrão (com direito a tempo de cadeia); de jovem iniciado a versado na história e segredos dos lobisomens – e vale contar que há todo um charme carniceiro nos licantropos. Desta forma, cada narrativa criada em Skyrim é singular e especial, pois foi forjada em uma simbiose cabal entre jogador e título.
Assim, o jogo é exatamente aquilo que se espera de um RPG. Claro que quando se fala do gênero nos videogames há certas regras que já fazem parte do pacote, como progressão de personagem por escolha de classe e de habilidades no decorrer da jogatina, batalhas permeadas por ação ou por estratégia em turno. Skyrim faz tudo isso muito bem (principalmente em termos de construção de menus), além de contar com a narrativa clássica medieval. Porém, o que o faz especial e um verdadeiro exemplar desta casta é a imersão: o jogador realmente assume um papel, e constrói seu personagem em colaboração com o mundo e os habitantes do jogo.
Até mesmo a longevidade do game depende de escolha. É possível experimentar a narrativa principal e passar para o próximo título, ou aproveitar todas as horas de missões extras – o que seria a minha aposta como a decisão da maioria dos jogadores. Há sempre algo interessante para fazer, principalmente para aqueles que tem vontade de papear com todos os habitantes de uma cidade. E eles têm muito a dizer. É possível juntar-se aos Companions e transformar-se em um de seus irmãos de sangue, ou talvez tornar-se o mais novo aluno da escola de magia, estudar para entender a misteriosa e impiedosa Dark Brotherhood e, ao mesmo tempo, ainda agir como um implacável ladrão, que trouxe glória novamente à sua guilda.
Ao chegar em uma cidade, inclusive, também existe a possibilidade de esperar um pouco antes de ir em busca de aventuras e encontrar um trabalho. Os empregos de Skyrim, por outro lado, passam por trivialidades do mundo antigo, como fazer armaduras ou cortar madeiras, até atividades mais mágicas, como praticar alquimia ou encantar armamentos.
As possibilidades do game não seriam nada impressionantes, contudo, se The Elder Scrolls V: Skyrim não convencesse o jogador de que seu universo vale a pena. Sim, você vai querer jogar - e jogar de novo -, pois a produção esmerou-se em criar uma experiência completa. Mesmo o começo do jogo ajuda o jogador em pensar no seu personagem como uma tela branca: o protagonista começa como um prisioneiro liberado, mas sem nenhum indício de que tem um passado relevante (início comum a Oblivion, game anterior da série – muito do jogo é, claro, baseado em seu antecessor). Logo depois, parte em busca de demandas, até descobrir-se o último Dragonborn, isto é, nascido com a alma de dragão.
Essa imersão narrativa é valorizada pelos inspirados gráficos, especialmente na criação de ambientes, de pradarias a picos cheios de neve, além da variação de tipos de rostos (há muito mais do que já visto na série). Também o som - a música, sonorização e dublagem - foi trabalhado quase à perfeição; e o combate completa a experiência, já que é sempre divertido, ainda mais porque os monstros praticamente se lançam em cima do jogador. A árvore de habilidades é igualmente interessantíssima, já que permite customizar seu personagem com variações enormes. Também há menos habilidades um tanto desinteressantes, como "athletics" de Oblivion, em que o jogador ganhava experiência por correr ou pular. O foco é nas variações inteligentes e que evitam as obviedades.
Veja meu caso: minha Dark Elf maga sabe muito bem como manejar armas de duas mãos, e além do robe específico para a conjuração de mortos-vivos, também utilizada armadura pesada (na cabeça, pernas e braços), sabe como abrir portas trancadas à chave e é quase invisível nas sombras. Claro, se colocarem um arco e flecha na sua frente, ela se torna inútil como um marisco tentando fugir da água escaldada. Da mesma forma em que, pela escolha em diversificação de seus talentos, a Mirtes (sim, é assim que se chama minha Dark Elf), nunca será a maga mais poderosa dos reinos. Tudo depende daquilo que o jogador deseja ser.
Claro que, com esta ambiciosa escala, é impossível conter todos os erros, assim, você encontrará problemas menores - como algumas texturas e alguns bugs espalhados por aí. Se você estiver acompanhado por alguém, por exemplo, chances são de que ele insista em ficar na sua frente, mesmo quando você decide tomar a dianteira (para piorar ele é afetado pelos seus ataques). Mas estes defeitos se tornam ínfimos frente aos dragões (ou gigantes), e suas batalhas que se assemelham a uma dança: épicas e agressivas. Batalhar um dragão é algo com que se acostuma, o problema é quando os monstros alados resolvem aparecer em dupla, ou bandos. Note que é quase impossível esconder-se de um dragão, e, depois de ser visto, o bicho não deixa o jogador em paz, até que reste somente seu esqueleto no chão.
The Elder Scrolls V: Skyrim é uma experiência pessoal e para os de natureza exploradora; pode ser sombrio e poético, mas é certamente feito das proezas dos seus jogadores. É acertado para aqueles que gostam de escrever suas próprias histórias, para os que não temem frente a criaturas monstruosas, e para os jogadores que querem explorar perigos, independentemente de qual a sua arma de escolha. Skyrim abriga a todos, seja você um Conan, um Gandalf... ou uma Mirtes.
Conclusão: o jogo é excelente!
Fonte: Omelete
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